sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sobre A Máquina "Areia" (2011)

Para a grande maioria que tem como referência a música comercial e derivados do pop como norte em sua educação musical certamente este disco estará muito longe de uma associação lógica ou/e passará bem longe de seu discernimento. Em "Areia", segundo disco deste trio carioca formado por Cadú Tenório, Ricardo Gameiro e Emygdio Costa o experimentalismo explícito é centralizado e tecido juntamente a camadas de influências vinculadas ao industrial, ao dark ambient, a no-wave, ao drone e ao noise, tornando o sucessor de seu trabalho de estréia "Decompor" uma obra um tanto quanto assombrosa  e enigmática para alguns ouvidos menos preparados, um tanto perturbador podemos também por assim dizer. Não trata-se apenas de experimentalismo ou barulho acumulado e exercido de qualquer maneira mas sim de uma verdadeira obra onde ruídos são orquestrados em meio a um verdadeiro caos, um caos lento de total entorpecimento que age  diretamente sobre o cérebro em uma torrente mágica de ambientações fantasmagóricas e claustrofóbicas, enfim algo que jamais banda alguma em território nacional fosse capaz de me propor com tamanha desenvoltura e facilidade. "Língua Negra", "Barca", "Foz" e "Garça" são uma fusão meticulosa e minuciosa da paixão detalhista de cada integrante transbordantes da superfície ao âmago de cada canção e que possivelmente poderiam ser assimiladas como uma soundscape tanto para obras surrealistas de Renè Magritte quanto as paisagens turbulentas de Goya. "Areia", segundo disco da banda Sobre a Máquina é uma verdadeira obra-prima em todo o ápice de seus realizadores e um marco monumental na história da música experimental e independente brasileira.Nota 10.


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